Inscrição para Extravazza: Oficina de Defesa Pessoal para População LGBTIQ+
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Nota de Pesar
É com pesar que comunicamos que Renata Rebello, 58 anos, travesti e estudante de filosofia desde 2017, faleceu às 12:50h deste domingo (12), após sofrer derrame cerebral isquêmico. Renata nos deixou após dias internada no hospital. O enterro será amanhã, na terça-feira (14), no Cemitério Municipal Itacorubi, São Francisco de Assis, na Rua Pastor William Richard Schisler Filho, 452 – Itacorubi.
Será feito um memorial para que a família e os amigos possam se despedir e fazê-la uma última homenagem. Para Renata, seus colegas de curso eram de grande importância. Segundo amigos próximos, ela os consideravam como família – que ela deixou de ter após sua transição de gênero.
Com filho, mulher e família, durante 40 anos ela resolveu esconder-se e não fazer sua transição para mulher. Nascida numa sociedade ancorada em uma cultura conservadora à nível mundial, Renata sofreu sozinha parte de sua vida particularmente devido ao regime ditatorial brasileiro.
“Durante o ensino médio minha libido explodiu. Resolvi ir a uma boate gay. Comprei roupas de menina, raspei os pelos do corpo, bebi uísque com comprimidos. Passei a noite dançando e desfilando, feliz, embriagada, sem qualquer autocensura. No dia seguinte, arrependimento profundo. Algum tempo depois, durante minha segunda jornada pelas ruas vestida de menina, fui cercada por vários rapazes. Encheram-me de socos e pontapés. Não havia onde denunciar a agressão. Se eu fosse até a delegacia mais próxima, teria apanhado pela segunda vez. Estávamos sob ditadura militar. “Toma! Aprende a ser homem!”, diziam os rapazes, enquanto ensopavam minha cara de sangue. Não cheguei a aprender a ser homem. Mas desisti de ser travesti”, escreveu ela em seu blog próprio em 2017.
Há 18 anos, ela resolveu assumir a Renata que existia dentro de si. Renata, pois, significa renascimento, dizia ela. Saiu da sua cidade natal, passou por São Paulo e Salvador e chegou a Florianópolis, onde resolveu cursar filosofia aos 56 anos.
A CDGEN/SAAD e NETRANS, juntamente com o Centro Acadêmico de Filosofia, em nome de todos os seus colegas e amigos de curso, sente muito por essa perda. Nos solidarizamos e prestamos nossa homenagem.
P.S.: Texto escrito pelo Centro Acadêmico de Filosofia.